A palavra longanimidade (paciência,) vem de uma palavra grega que tem a idéia de imperturbabilidade diante de provocações. O conceito de paciência sob maus tratos, sem ficar com raiva nem nutrir pensamentos de vingança ou retribuição, também é inerente à palavra. Esta parte do fruto do Espírito se evidencia assim no relacionamento com nossos vizinhos. É a paciência personificada – a paciência do amor. Se nós somos irritados, vingativos, ressentidos ou maldosos com nossos vizinhos, então temos "curtanimidade", e não longanimidade. Neste caso não estamos sob o controle do Espírito Santo.
A paciência é o brilho transcendente de um coração
amoroso e meigo que é gentil e delicado quando trata os que vivem ao seu redor.
A paciência julga os erros dos outros com delicadeza, carinho e compreensão,
sem criticismo injusto. Paciência também é perseverança – a capacidade de
suportar fadiga, pressão e perseguição enquanto faz o trabalho do Senhor.
Paciência
faz parte da imagem de Cristo, que nós admiramos tanta em outros sem exigi-la
de nós mesmos. Paulo nos ensina que nós podemos ser "fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em
toda a perseverança e longanimidade; com alegria" (Sal. 1:11). A paciência provém do poder de Deus, baseado na
nossa disposição de aprendê-la. Se nós somos egoístas, se raiva ou má vontade
se manifestam, se a impaciência ou a frustração querem nos dominar, temos de
reconhecer que a causa dos problemas somos nós, e não Deus. Devemos recusar,
renunciar e repudiar a situação imediatamente. Isto vem da nossa natureza
pecaminosa.
Paciência
e Provas
A paciência está relacionada na Bíblia bem de perto
com provas e tentações, o que é lógico. Ser paciente na vida normal é fácil,
mas e quando vêm as dificuldades? Nestas horas é que nós mais precisamos do
fruto do Espírito – paciência. A Bíblia diz que esta é uma das vantagens das
dificuldades: porque nos fazem mais fortes, deixando que o Espírito desenvolva
a paciência em nós. "Meus irmãos, tende
por motivo de todaa alegria o passardes por várias provações, sabendo que a
provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança" (Tiago 1:2,
3). Se isto é verdade, então nós devemos dizer bem-vindo às provações e
dificuldades, quando elas vêm, porque nos obrigam a recorrer cada vez mais à
fonte de toda força, produzindo mais paciência, que é fruto do Espírito.
Exercitando paciência e longanimidade nas pequenas frustrações e irritações
diárias, estaremos preparados para resistir nas grandes batalhas.
A erosão do coração nos faz vulneráveis aos ataques
astutos a muitas vezes disfarçados do diabo. Mas o coração que aprendeu a
recorrer imediatamente ao
Espírito Santo, pela oração, ao primeiro sinal da tentação não terá razão para
temer esta erosão, esta derrota. Em pouco tempo a oração será tão automática e
espontânea que a teremos pronunciado antes de vermos a necessidade. A Bíblia
diz que devemos ser "pacientes na
tribulação, na oração perseverantes" (Rom. 12:12). Na minha opinião, a
melhor hora para orar é no momento em que somos ameaçados por uma situação
tensa ou uma atitude não espiritual. Deus Espírito Santo está sempre presente,
pronto para me ajudar a vencer as batalhas espirituais, grandes ou pequenas.
Mas para a oração se tornar uma reação involuntária ou subconsciente ao
problema eu tenho de praticá-la, voluntária e conscientemente, cada dia, até
que ela se torne uma parte integrante do meu ser.
Um amigo e conselheiro uma vez me disse que muitas
vezes o maior teste que enfrentamos, a maior provação é quando perguntamos a
Deus: "Por quê?"
Um homem afirmou que "no meio da aflição é
difícil ver um sentido nas coisas que nos acontecem, e ficamos com vontade de
questionar a justiça de um Deus fiel. E exatamente estes momentos rodem ser os
mais significativos de nosso vida".
Um grande servo de Deus, morreu em um acidente
automobilístico em 1975. Eu logo perguntei a Deus: "Por quê?" Ele era
um dos melhores homens de Deus para trabalhar com jovens, e para ensinar a
Bíblia. Era professor em faculdade teologia, um dos líderes da nossa equipe.
Tenho certeza que sua esposa, Marie, fez esta mesma pergunta na agonia do seu
coração. Mas quando ela participou alguns meses depois de uma reunião, ela
evidenciou um espírito maravilhoso, contando sua vitória às mulheres. Ao invés
de nós a confortarmos, ela é que estava nos confortando.
Nós
sofremos aflições ou disciplina, mas o salmista diz: "Ao anoitecer pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã"
(Sal. 30:5). Nenhum cristão cheio do Espírito deixará de ser longânimo e
paciente se perseverou fielmente na "comunhão
dos seus sofrimentos"(Filip. 3:10).
Deus permite que passamos por purificação, disciplina,
aflições e até perseguições, para que o fruto apareça em nossa vida. Se os
irmãos de José, que o odiavam, não o tivessem vendido como escravo, se Potifar
não o tivesse acusado injustamente, colocando-o na prisão, ele não teria
desenvolvido o fruto de paciência e longanimidade que seria sua característica
pessoal por toda a vida. Mesmo depois de dizer ao copeiro do faraó que voltaria
à corte real e pedir-lhe que falasse a faraó da sua prisão injusta, teve de
permanecer mais dois anos na prisão.
Às vezes parece que Deus demora muito para nos
atender, pois nós confiamos nEle, mas Ele nunca vem tarde demais. Paulo
escreveu: "Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós
eterno peso de glória, acima de toda comparação" (2 Cor. 4:17). Jesus
disse a Seus discípulos: "Pela
vossa perseverança ganhareis as vossas almas" (Lucas 21:19). Esta é a
longanimidade e a paciência que o Espírito Santo usa para abençoar outros.
Falando sobre longanimidade
temos de tomar cuidada em relação a um perigo. Às vezes nós a usamos como
desculpa por não termos tomado uma atitude que se esperava de nós. Às vezes nos
contentamos com um tipo de auto-flagelação neurótica por não querermos
enfrentar a verdade, que erradamente chamamos de longanimidade. Mas Jesus, com
violência, "expulsou todos os que
venciam e compravam no templo; também derrubou as mesas dos cambistas e as
cadeiras dos que vendiam pombas" (Mat. 21:12). Também castigou com
furor os escribas e fariseus (Mat. 21:13).
O cristão cheio do Espírito sabe quando arder em "ira santa" e quando
ser paciente, e sabe também quando a longanimidade se transformou em desculpa
da inatividade ou uma muleta para disfarçar um defeito de caráter.
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